Além das fronteiras

Categorias
Inspire-se

Entre os maiores produtores de criatividade do mundo, o Brasil ocupa uma posição de destaque e o design brasileiro começa a atrair o interesse de empresas internacionais.

Nas últimas décadas, praticamente todos os setores da economia tiveram que repensar seus modos de atuação e as empresas não só passaram a reconhecer a importância do conhecimento como insumo de produção, como também perceberam claramente o seu papel transformador no sistema produtivo.

Além do capital, da matéria-prima e da mão de obra, as áreas estratégicas das companhias voltaram suas atenções para o uso das ideias como um recurso essencial para a geração de valor.

Como decorrência direta dessas transformações, entre tantos setores da economia, as atividades ligadas à criatividade, representadas pela Economia Criativa, vem se destacando como uma das mais promissoras fontes de investimentos capazes de gerar o crescimento de diversos países.

No Brasil, segundo o estudo Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil de 2012, produzido pela FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), 2,7% do total produzido pelo país já é proveniente da Indústria Criativa.

O dado é ainda mais surpreendente se avaliado apenas o PIB Criativo gerado pelas, aproximadamente, 240 mil empresas que atuam no segmento. Com produção de R$ 110 bilhões, o Brasil está entre os maiores produtores de criatividade do mundo, na frente de países como Itália (R$ 102 bilhões) e Espanha (R$ 70 bilhões).

A crescente valorização da Indústria Criativa Brasileira é resultado da formação de uma nova economia de âmbito global pautada na comercialização de bens e serviços intangíveis. Nesse novo cenário, as distâncias foram reduzidas e as barreiras comerciais da economia tradicional, ultrapassadas. A criatividade brasileira trafega pelo mundo, em forma de arte e de design, conquistando o reconhecimento de países da Europa, África e América Latina, entre outros.

No segmento do Design, um exemplo dessa aproximação do mercado criativo brasileiro com outros países é a PANDE. A agência vem exportando seus serviços em design estratégico para países da América Latina, Europa e África.

Com vasto leque de alimentos e produtos de higiene e limpeza em seu portfólio, a Alicorp passou a usar os serviços da PANDE em suas estratégias de marca e na criação da identidade visual de diferentes itens.

“O mais gratificante na nossa experiência com a PANDE tem sido uma busca contínua de razões estratégicas que sustentem o trabalho de design. A PANDE também apresenta um interessante frescor na sua variedade de propostas e ideias, além de uma excelente vocação de serviços e notável atitude de escuta. Tudo isso nos permite, em equipe, chegar à melhor alternativa de design, considerando os mínimos detalhes. Essas características têm sido altamente reconhecidas e valorizadas por nossa equipe”, diz Max Vidal, diretor de Marketing da Alicorp.

Diferente do que ocorreu com a africana Unifood, o contato entre a brasileira PANDE e a peruana Alicorp (maior fabricante de bens de consumo doméstico do Peru, com operações na América do Sul, Central e do Norte) foi impulsionado pela parceria da Apex-Brasil e da Abedesign (Associação Brasileira de Empresas de Design), que desde 2008 divulgam escritórios brasileiros de design no exterior. Resumidamente, comitivas de empresários brasileiros do ramo de design visitam empresas e eventos realizados fora do país, como feiras de embalagem, insumos e tecnologia. Posteriormente, os estrangeiros contatados são convidados a virem ao Brasil para conhecerem os escritórios de design locais e seus portfólios. A fórmula tem dado certo.

“A Alicorp é uma empresa que sempre busca a excelência no desenvolvimento de seus produtos. Para tanto, requer fornecedores de serviços que satisfaçam os altos padrões estabelecidos dentro da companhia. Também entendemos que o design de embalagens tem um alto valor estratégico dentro do mix de marketing.

Por tudo isso, buscamos empresas com suficiente experiência e comprovado talento, que nos permitam alcançar os requerimentos para sermos exitosos frente a grandes competidores globais como os que enfrentamos”, fala Max Vidal sobre os motivos que levaram a Alicorp a escolher a PANDE como sua fornecedora de serviços de branding e design estratégico.

CARACTERÍSTICAS EM COMUM

As semelhanças culturais e econômicas entre Brasil e África contribuíram para que a Unifood, indústria de alimentos sediada na Costa do Marfim, escolhesse a brasileira PANDE como seu principal fornecedor de design e estratégias de branding. “Acreditamos que esses dois países tenham muitos pontos em comum. Isso permite à PANDE compreender e atender com mais facilidade nossas necessidades”, diz Khalil Salhab, diretor-geral da Unifood da Costa do Marfim.

Com vendas nas Áfricas Ocidental e Central (principalmente em Togo, Gana, Senegal, Mali, Nigéria, Camarões e Gabão), a Unifood produz sob o guarda-chuva da marca Tomy confeitos, biscoitos e bombons, enquanto a marca Sossa abriga itens salgados como maionese e caldos culinários. A empresa também fabrica gomas de mascar e outras guloseimas voltadas ao segmento infantil. Além da marca institucional da Unifood, a PANDE criou as novas logomarcas e toda a identidade visual das linhas Chocobon e Sossa.

“Nossos produtos são degustados em momentos de prazer. Eles nos remetem à infância e também lembram ocasiões de celebração e festa. Estamos felizes com a PANDE, pois ela entendeu que nossas embalagens precisam ser atraentes e alegres”, complementa Salhab, lembrando que a situação econômica na Costa do Marfim é difícil, mas promissora. “O país está saindo de uma longa crise e concentra 50% da população na faixa etária de até 20 anos. Em contrapartida, apresenta taxa de crescimento econômico superior a 9% e atrai progressivos investimentos internacionais”.

POR DENTRO DA EXPANSÃO INTERNACIONAL

Antes de tirar do papel seu projeto de internacionalização, a PANDE planejou e executou uma série de ações. A primeira foi tornar a expansão fora do país a principal meta do planejamento estratégico para os próximos anos. O objetivo da empresa é trabalhar para estar entre as dez principais agências de design do mercado latino-americano.

Para iniciar a exploração de novos mercados, a PANDE contou com o apoio do projeto Interagência, da Abedesign (Associação Brasileira de Empresas de Design), que tem como objetivo principal internacionalizar a atuação de empresas brasileiras no setor do design. “O que nos interessou no Interagência foi o nosso objetivo de exportar. Dentro da PANDE, entendíamos que a exportação era essencial, mas a gente enfrentava a barreira de como exportar, o que fazer para exportar. O projeto Interagência nos ajudou a vencer. É importante falar que o primeiro grande benefício foi o acesso direto a um possível comprador. Em uma viagem que fizemos para o Peru e a Colômbia, a gente conheceu um potencial cliente, que acabou se efetivando”, afirma Gian Rocchiccioli, Chief Strategy Officer da PANDE.

No atendimento aos clientes estrangeiros, a empresa trabalha, predominantemente, dessas formas: com institutos locais de pesquisas, que fornecem informações de mercado; e a partir de visitas e imersões de campo, enviando profissionais para avaliar a cultura mercadológica do país em questão. Além disso, realiza-se focus group com clientes.

A agência contratou uma professora de espanhol para treinar os profissionais que vão trabalhar com clientes na América do Sul. Num segundo momento foram feitos investimentos em infraestrutura para o atendimento à distância dos clientes. “Depois, selecionamos em nossa equipe uma gerente exclusiva para mercados internacionais e iniciamos viagens de prospecção regulares para Peru e Colômbia”, acrescenta Gian, citando os dois países que estão no foco inicial do projeto de internacionalização.

O desempenho da exportação para os negócios da PANDE é considerado fundamental e o trabalho feito com o projeto Interagência e o apoio da Abedesign é essencial para atingir resultados satisfatórios. “Comparando os dados de 2013, quando fizemos essa ação, e os de 2012, vemos um aumento de 54% no volume de exportação da PANDE, mas o principal foi o resíduo que isso nos deixou. Nos três primeiros meses de 2014, esse aumento foi de 400%. A gente sabe que é uma base pequena, por isso o tamanho do aumento, mas isso nos deixa empolgados, porque estamos no caminho certo”, completa Gian.

Com as primeiras contas conquistadas, a PANDE já começa a estudar novas possibilidades de atuação internacional. Uma ideia é fechar acordos operacionais com agências locais. Outra é a contratação de um country manager para atuar nos mercados externos onde a empresa já detém contas ativas.

Além da Unifood e da Alicorp, a PANDE já desenvolveu projetos internacionais para Kimberly-Clark, Nestlé e Hellmann’s, neste último caso concebendo a identidade visual da marca para toda a América Latina. Hoje o foco internacional da empresa está voltado para Peru e Colômbia. Mas, em breve, Chile, México e Estados Unidos entrarão na mira da estratégia de expansão internacional.

 

 

Leia também